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Manuel Inácio da Silva Alvarenga

 

        Manuel Inácio da Silva Alvarenga foi o poeta brasileiro árcade mais moderno e letrado de sua época. Nascido em Vila Rica (MG), de onde saiu para concluir os estudos no Rio de Janeiro e nunca mais voltou, em sua obra literária ele pouco se ateve aos vícios da época, praticando seus textos o mais livre de preconceitos possível. A sua trajetória literária começou quando partiu para Portugal para cursar Direito na Universidade de Coimbra. Lá se tornou amigo dos também poetas Alvarenga Peixoto e Basílio da Gama e em 1774 publicou o poema herói-cômico “O Desertor”, celebrando as reformas pombalinas.

       Pouco mais tarde, ainda estudante, com a inauguração da estátua equestre de D. José I, Silva Alvarenga fez um soneto, uma ode e a espístola em alexandrinos de treze sílabas, todos inspirados no acontecimento. Dois anos depois escreveu o poema “Templo de Netuno”, com sete páginas de tercetos e quartetos bem metrificados celebrando a aclamação da Rainha D. Maria I.

       Durante toda a vida, sua produção literária foi constante e quase que incessante. Desde seu primeiro poema, O Desertor, Silva Alvarenga não parou de versejar. Suas diversas obras foram publicadas em folhas avulsas, folhetos, coleções e em jornais literários brasileiros e portugueses. À sua época foi o poeta de maior cultura literária. Além de conhecer a fundo a literatura, ainda não lhe eram estranhas as ciências matemáticas, físicas e naturais.

       De volta ao Rio de Janeiro, sem nem pensar em voltar à terra natal mineira, publicou vários poemas como a sua “Ode à mocidade portuguesa”, a epístola a Basílio da Gama e “As artes”, manifestando toda a sua cultura e progresso intelectual. Angariado pela boa vontade do vice-rei Marquês do Lavradio, fundou uma sociedade científica com o objetivo de não deixar os seus sócios esquecerem as matérias que haviam aprendido em outros países. Seu segundo patrocínio veio logo depois, através de Luíz de Vasconcelos e Souza, outro vice-rei, que o nomeou professor régio da aula de retórica e poética inaugurada em 1782, mais tarde a extinta Sociedade Literária.

       Suas duas entidades fundadas mantinham como sócios advogados, letristas e padres de renome. Com a mudança do vice-rei liberal pelo Conde de Rezende, sempre desconfiado por conta dos sucessos da Inconfidência Mineira, veio à tona uma questão ainda fora de contexto. Conde de Rezende enxergou na reunião de estudiosos projetos de conjura contra o poder real. Como consequência, Silva Alvarenga foi preso nas masmorras da fortaleza de Santo Antônio, mas restituído, sem julgamento, à liberdade. Após a sua prisão, o poeta publicou a primeira edição de “Glaura: Poemas eróticos” e, dentre outros feitos, colaborou no O Patriota de Manuel Ferreira de Araújo Guimarães - uma revista literária que fomentou o movimento intelectual anterior à independência.

       Considerado um dos primeiros jornalistas brasileiros, Silva Alvarenga faleceu no Rio de Janeiro, em 1814, sem deixar descendentes. Além dos poemas já citados, dentre a sua vasta obra destacam-se “Teseu e Ariana”, uma das melhores amostras da poesia da época, “A gruta americana” e o poema “Às artes”.

 

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